Um pouco de céu

terça-feira, dezembro 05, 2006

"Borat" proíbido


Rússia considera que filme pode ser «humilhante para certos povos e religiões»

As autoridades russas proibiram a exibição de «Borat» nas salas de cinema, sendo esta a primeira vez, depois do fim do comunismo, em 1991, que um filme não-pornográfico é interdito no país, noticia a agência Lusa.
O filme, que está a ser um êxito de bilheteira nos Estados Unidos, deveria estrear-se em Moscovo a 30 de Novembro, mas a distribuidora russa «Gemini-filme» já anunciou a suspensão do seu lançamento no mercado russo. A distribuidora justificou a sua decisão com a proibição imposta pelo Comité para o Cinema da Rússia (CCR).
Iuri Vassiutchkov, um dos dirigentes do CCR, confirmou a proibição e explicou: «Considerámos que o filme contém materiais que a um certo número de espectadores podem parecer humilhantes para certos povos e religiões».
Sacha Baron Kohen, que desempenha no filme o papel do jornalista cazaque Borat Sagdiev, é desde há muito uma figura incómoda para as autoridades do Cazaquistão, país da Ásia Central aliado de Moscovo.
O «jornalista» cazaque, com o seu humor corrosivo, não se cansa de levar ao conhecimento dos norte-americanos os «êxitos» do Cazaquistão no plano da democracia: as mulheres podem andar de autocarro desde 2003, a perseguição dos ciganos diminui, mas deve-se continuar a atirar os judeus ao poço, os serviços secretos do Uzbequistão aumentam as suas actividades, mas as catapultas cazaques podem reduzir a cinzas as cidades uzbeques.
Erjan Achikaev, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, declarou que «as companhias distribuidoras devem ser responsáveis e não mostrar esse filme», por ser «insultuoso para o povo do Cazaquistão» e poder «provocar críticas da opinião pública, que acusará o governo de permitir semelhantes coisas».
A interdição imposta pelas autoridades culturais russas não deverá impedir os russos de verem o filme. Terão apenas de desembolsar mais alguns rublos para adquirir cópias piratas nos numerosos mercados de Moscovo e de outras cidades russas.
PortugalDiário
8/11/2006